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minha tentativa de vida em Fortaleza
quarta-feira, março 09, 2005
Quarta-feira, 09 de
Março
março de 2005 ARTHUR DAPIEVE
O azarão de Seattle09.03.2005 Do meio da multidão de camisas de flanela xadrez que se reuniu em Seattle, no final dos anos 80, despontavam cinco cabeças: Kurt Cobain, do Nirvana, o mais talentoso e carismático dos líderes de banda do chamado grunge – mistura em variadas dosagens de punk, heavy metal e pop – com sua versão sonora do claro-escuro, o silêncio-barulho; Layne Staley, do Alice in Chains, Eddie Vedder, do Pearl Jam; Chris Cornell, do Soundgarden; e Mark Lanegan, dos Screaming Trees. Quis o destino que a maior parte dos apostadores perdesse dinheiro tentando adivinhar qual dos cinco iria mais longe.
Em abril de 1994, Cobain deu um tiro na cabeça, humanamente incapaz de lidar com o megaestrelato planetário, conforme registrado num pungente bilhete de despedida. Em abril de 2002, Staley morreu de superdose de cocaína e heroína. Dos sobreviventes, o que parecia mais promissor, Vedder, após lançar um punhado de bons álbuns com o Pearl Jam, hoje parece ter esvaído toda sua criatividade craniando novas maneiras de tirar dinheiro dos fãs, em sucessivos discos ao vivo e antologias, com a desculpa do combate à pirataria. Cornell, depois que o digno Soundgarden se dissolveu admitindo que não tinha nada mais a dizer, juntou seu microfone a três quartos de Rage Against The Machine no Audioslave, grande banda – mas de apenas um lançamento por enquanto.
Sobra no páreo o azarão Mark Lanegan. Foi o único a enfrentar uma carreira solo enquanto os Screaming Trees estavam na ativa, apesar de posteriormente ter, como Cornell, tentado se aninhar noutra banda, no caso, bandas: Mad Season e Queens of the Stone Age. Desde 1990, Lanegan lançou cinco excelentes álbuns pelo seminal selo Sub Pop e, no ano passado, saiu seu primeiro CD pelo Beggar’s Banquet, “Bubblegum”, creditado a uma inexistente Mark Lanegan Band. É este o disco que agora sai no Brasil pela paulistana Sum Records e afinal apresenta Lanegan às prateleiras de lançamentos nacionais. Talvez o primeirão, “The winding sheet”, ainda seja o mais perturbador de todos, mas quinze anos de vida de solteiro não tiraram a contundência da Árvore Gritante-mor.O nome Mark Lanegan Band talvez traduza mais o desejo de fazer parte de uma banda do que sua existência concreta: não há uma formação clara em suas 15 faixas. Há, isto sim, um revezamento de músicos que inclui, entre muitos outros, Izzy Stradlin e Duff McKagan, do Guns N’Roses e do Velvet Revolver, e Josh Homme e Nick Olivieri, dos Queens of the Stone Age, além de PJ Harvey (na faixa “Hit the city”). Isso permite a Lanegan manter reto o seu caminho, pavimentado tanto no fascínio pelo lado selvagem da rua quanto no apreço pela música tradicional americana, sobretudo o blues – algo bem distante do power pop dos Screaming Trees, de sucessos relativos como “Nearly lost you” ou “More or less”.Hoje, aos 40 anos, Lanegan soa ou como o pai espiritual de Jack White, dos White Stripes, ou como um remix de Nick Cave, Tom Waits e Huddie Ledbetter, o Leadbelly. Do trovador negro dos anos 20 aos 40, aliás, ele gravou em “The winding sheet” a versão da cornuda “Where did you sleep last night?” que serviu de modelo para a que o Nirvana gravaria no seu “MTV Unplugged”, quatro anos depois. O plano inicial para o primeiro vôo solo de Lanegan já era, por sinal, um disco de blues dividido com Cobain, Chris Novoselic e Mark Pickerel (baterista dos Screaming Trees) . No mesmo “The winding sheet” há um belo poema sujo, “Juarez”, um minuto de dois ou três acordes circenses: “Despeça os garotos do crack/ E amarre meu braço/ Ajeite meu fraldão/ Ligue a TV/ Pague-me outro boquete/ Antes de eu tombar/ Diga que você sempre vai me amar e/ Nunca me fazer mal.”O tom “uma temporada no inferno” é mantido no CD “Bubblegum”, em faixas como “When your number isn’t up” (“Você não presta mais para isso aqui/ E onde estão seus amigos?/ Eles foram embora/ É um mundo diferente, eles lhe deixaram para isso/ Para faxineiro/ O vazio”), “Like Little Willie John” (“Quem vai lhe prantear/ Quando você se for?/ Uma vez, eu acreditei/ Que não sangraria”) ou “Morning glory wine” (“Na primeira vez, amor/ Foi eletrocussão/ Mas eu caí fora/ Cego com a injeção/ Morangos, acordado ou nu/ Aqui fora você está sozinho/ Essas ruas ficam muito frias, você deveria saber”). Lanegan conseguiu algo que todo mundo peleja e só uns poucos conseguem: criar um universo musical e poético próprio, de fugaz e, por isso, recompensadora beleza.
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março de 2005 ARTHUR DAPIEVE
O azarão de Seattle09.03.2005 Do meio da multidão de camisas de flanela xadrez que se reuniu em Seattle, no final dos anos 80, despontavam cinco cabeças: Kurt Cobain, do Nirvana, o mais talentoso e carismático dos líderes de banda do chamado grunge – mistura em variadas dosagens de punk, heavy metal e pop – com sua versão sonora do claro-escuro, o silêncio-barulho; Layne Staley, do Alice in Chains, Eddie Vedder, do Pearl Jam; Chris Cornell, do Soundgarden; e Mark Lanegan, dos Screaming Trees. Quis o destino que a maior parte dos apostadores perdesse dinheiro tentando adivinhar qual dos cinco iria mais longe.
Em abril de 1994, Cobain deu um tiro na cabeça, humanamente incapaz de lidar com o megaestrelato planetário, conforme registrado num pungente bilhete de despedida. Em abril de 2002, Staley morreu de superdose de cocaína e heroína. Dos sobreviventes, o que parecia mais promissor, Vedder, após lançar um punhado de bons álbuns com o Pearl Jam, hoje parece ter esvaído toda sua criatividade craniando novas maneiras de tirar dinheiro dos fãs, em sucessivos discos ao vivo e antologias, com a desculpa do combate à pirataria. Cornell, depois que o digno Soundgarden se dissolveu admitindo que não tinha nada mais a dizer, juntou seu microfone a três quartos de Rage Against The Machine no Audioslave, grande banda – mas de apenas um lançamento por enquanto.
Sobra no páreo o azarão Mark Lanegan. Foi o único a enfrentar uma carreira solo enquanto os Screaming Trees estavam na ativa, apesar de posteriormente ter, como Cornell, tentado se aninhar noutra banda, no caso, bandas: Mad Season e Queens of the Stone Age. Desde 1990, Lanegan lançou cinco excelentes álbuns pelo seminal selo Sub Pop e, no ano passado, saiu seu primeiro CD pelo Beggar’s Banquet, “Bubblegum”, creditado a uma inexistente Mark Lanegan Band. É este o disco que agora sai no Brasil pela paulistana Sum Records e afinal apresenta Lanegan às prateleiras de lançamentos nacionais. Talvez o primeirão, “The winding sheet”, ainda seja o mais perturbador de todos, mas quinze anos de vida de solteiro não tiraram a contundência da Árvore Gritante-mor.O nome Mark Lanegan Band talvez traduza mais o desejo de fazer parte de uma banda do que sua existência concreta: não há uma formação clara em suas 15 faixas. Há, isto sim, um revezamento de músicos que inclui, entre muitos outros, Izzy Stradlin e Duff McKagan, do Guns N’Roses e do Velvet Revolver, e Josh Homme e Nick Olivieri, dos Queens of the Stone Age, além de PJ Harvey (na faixa “Hit the city”). Isso permite a Lanegan manter reto o seu caminho, pavimentado tanto no fascínio pelo lado selvagem da rua quanto no apreço pela música tradicional americana, sobretudo o blues – algo bem distante do power pop dos Screaming Trees, de sucessos relativos como “Nearly lost you” ou “More or less”.Hoje, aos 40 anos, Lanegan soa ou como o pai espiritual de Jack White, dos White Stripes, ou como um remix de Nick Cave, Tom Waits e Huddie Ledbetter, o Leadbelly. Do trovador negro dos anos 20 aos 40, aliás, ele gravou em “The winding sheet” a versão da cornuda “Where did you sleep last night?” que serviu de modelo para a que o Nirvana gravaria no seu “MTV Unplugged”, quatro anos depois. O plano inicial para o primeiro vôo solo de Lanegan já era, por sinal, um disco de blues dividido com Cobain, Chris Novoselic e Mark Pickerel (baterista dos Screaming Trees) . No mesmo “The winding sheet” há um belo poema sujo, “Juarez”, um minuto de dois ou três acordes circenses: “Despeça os garotos do crack/ E amarre meu braço/ Ajeite meu fraldão/ Ligue a TV/ Pague-me outro boquete/ Antes de eu tombar/ Diga que você sempre vai me amar e/ Nunca me fazer mal.”O tom “uma temporada no inferno” é mantido no CD “Bubblegum”, em faixas como “When your number isn’t up” (“Você não presta mais para isso aqui/ E onde estão seus amigos?/ Eles foram embora/ É um mundo diferente, eles lhe deixaram para isso/ Para faxineiro/ O vazio”), “Like Little Willie John” (“Quem vai lhe prantear/ Quando você se for?/ Uma vez, eu acreditei/ Que não sangraria”) ou “Morning glory wine” (“Na primeira vez, amor/ Foi eletrocussão/ Mas eu caí fora/ Cego com a injeção/ Morangos, acordado ou nu/ Aqui fora você está sozinho/ Essas ruas ficam muito frias, você deveria saber”). Lanegan conseguiu algo que todo mundo peleja e só uns poucos conseguem: criar um universo musical e poético próprio, de fugaz e, por isso, recompensadora beleza.
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